segunda-feira, 13 de abril de 2009

UM, DOIS, TRÊS E CONTANDO...


Tempo já foi um conceito para mim. Alguma coisa vaga, eu tinha muito ainda, podia esbanjar o quanto quisesse. Me preocupar? Até me preocupava, sim. Mas não era uma preocupação concreta, um tijolo pesado e seco atravessado na garganta. Era mais uma sensação futura. Aliás, futuro também era uma coisa meio distante. Também havia muito. Dava para planejar, fantasiar, desejar. Não sei bem quando tempo e futuro se amalgamaram, e um esgotou rapidamente a reserva do outro. Vieram outros conceitos, os da realidade. Vários. O pior de todos, o que chegou com mais propriedade, foi a angústia. Aderiu à minha pele, entranhou como perfume caro, mas ruim, daqueles que até tem um bom nome, mas deixam um rastro pestilento inconfundível. E até hoje, com o futuro e o tempo bem menores, é a angústia quem me acorda todas as manhãs com as garras longas e magras se fechando sobre meu pescoço.

2 comentários:

Beto Canales disse...

angústia.....

conheço essas garras...

LARISSA LIRA TOLLSTADIUS disse...

Sensação sufocante!