
Moro num lugar quente, mas hoje chove e faz frio. Não aquela chuva feliz dos finais de tarde, chuva cheia, que vem para lavar o pó, alegrar as plantas e refrescar o calor. É uma chuva fina, constante, que desce de um céu de chumbo, tão pesado que acaba se misturando com o mar numa linha fina. O frio e o vento juntos produzem o efeito de pequenas lâminas. E me sinto assim, mesmo num lugar onde tudo deveria ser bom, iluminado, pleno, farto.
A explicação poderia ser complicada, cheia de meandros filosóficos, de firulas conceituais, mas é muito, muito simples. Estou assim porque sou incompleta. Sou incompleta porque não sou uma, mas a metade de dois. Matemática da mais simples. Estou incompleta porque mesmo com todo o discurso de auto-suficiência das pessoas do meu tempo, não gosto de estar só. E mesmo os elogios, as cantadas, as observações de admiração e encantamento deixam um certo gosto amargo no final. Afinal, se sou ‘tão tudo’, deveria me bastar, não? Então o dia passa, tomo outro gole de chá e imagino se um dia vou chegar a ver completar-se a tal equação.
A explicação poderia ser complicada, cheia de meandros filosóficos, de firulas conceituais, mas é muito, muito simples. Estou assim porque sou incompleta. Sou incompleta porque não sou uma, mas a metade de dois. Matemática da mais simples. Estou incompleta porque mesmo com todo o discurso de auto-suficiência das pessoas do meu tempo, não gosto de estar só. E mesmo os elogios, as cantadas, as observações de admiração e encantamento deixam um certo gosto amargo no final. Afinal, se sou ‘tão tudo’, deveria me bastar, não? Então o dia passa, tomo outro gole de chá e imagino se um dia vou chegar a ver completar-se a tal equação.